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Confira mais uma publicação da série de textos da Agenda do Assistente Social 2018

26/11/2018 às 19h26

O Conselho Regional de Serviço Social 16ª região – CRESS/AL, através da gestão "A luta nos movimenta, a resistência nos fortalece" dá sequência nesta segunda-feira dia 26, às publicações da série de textos da Agenda do Assistente Social 2018 - Comemorativa aos 25 anos do código de Ética cujo tema é: “Sou Assistente Social e tenho minhas bandeiras de luta".

O material que será apresentado foi produzido pelo CFESS. Os textos são de autoria de Cristina Brites, assistente social e professora da UFF/Rio das Ostras e as artes foram confeccionadas por Rafael Werkema do CFESS.

As publicações serão postadas aqui no portal do CRESS/AL todas as segundas e sextas-feiras do mês de outubro, novembro e dezembro.

Abaixo confira a publicação referente ao mês de Outubro.

Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as.

Os fundamentos da ética profissional devem ser buscados na processualidade histórica, pois é a dinâmica histórico-social instituída pela práxis que oferece as bases de explicitação de valores autenticamente humanos e as possibilidades de sua afirmação ou negação no interior da luta de classes. A defesa e o compromisso com os valores éticos só ganham materialidade quando objetivados nas atividades práticas dos indivíduos sociais. Entre a teleologia inscrita na ética profissional e a realização objetiva das escolhas de valor, existem múltiplas determinações de caráter histórico-social, que ultrapassam a vontade individual da/o assistente social, pois seu trabalho se realiza em processos, cuja organização, meios e recursos não estão sob seu total domínio.

No entanto, essa determinação histórica não é nem absoluta, dada a complexidade contraditória da realidade. Tampouco anula a responsabilidade sobre as decisões e escolhas de valor da/o profissional, já que o seu trabalho, como atividade prática orientada por finalidades, guarda, em alguma medida, correspondência com o caráter alternativo da práxis e sempre realiza escolhas de valor.

Nas análises de Lukács, “o homem singular que busca reproduzir a si mesmo socialmente pelas decisões alternativas de sua práxis precisa, na maioria esmagadora dos casos – não importa com quanto de consciência -, assumir posição sobre como imagina o presente e o futuro da sociedade na qual, mediado por tais decisões, ele se reproduz individualmente, como ele a deseja enquanto ser, sobre qual direção do processo corresponde as suas ideias sobre o curso favorável de sua própria vida e da de seus semelhantes”1.

O caráter alternativo da práxis e as escolhas de valor singulares podem, numa relação dialética, ser fortalecidos e fortalecer os projetos em disputa na realidade social e profissional. Com esta compreensão, o Serviço Social brasileiro assume como um princípio fundamental da ética profissional a articulação com o movimento das categorias profissionais que compartilham dos valores da ética de assistentes sociais e com a luta geral da classe trabalhadora. Trata-se de um posicionamento de valor, que reconhece que os limites postos pela sociabilidade burguesa para afirmação da ética e do humanismo autêntico só podem ser enfrentados pela luta coletiva. Para que o caráter alternativo da práxis seja realizado na direção da afirmação de valores humano-genéricos, é preciso fortalecer as lutas coletivas, pois são elas que abrem as possibilidades históricas de resistência e confronto com os domínios do capital.

Com este princípio do Código de Ética da/o Assistente Social, a categoria assume a decisão estratégica de articular o trabalho profissional cotidiano com as forças profissionais, sociais e políticas que tem como horizonte a realização de conquistas e valores humano-genéricos. O fortalecimento das lutas pela ampliação da liberdade, da democracia, da cidadania e das conquistas históricas das/os trabalhadoras/es é também uma luta em defesa do trabalho profissional e dos valores que defende.

Esta articulação também implica no fortalecimento da identidade e da consciência de pertencimento de classe da categoria profissional. É no âmbito da luta de classes que se trava a disputa pela afirmação ou negação das potencialidades emancipadoras da práxis. A luta de classes move a processualidade histórica e é no seu curso que somos confrontadas/os pela decisão de como e com quem vamos à ela.

Como cantava Gonzaguinha, em Vamos à Luta: “Eu acredito é na rapaziada / Que segue em frente e segura o rojão / Eu ponho fé é na fé da moçada / Que não foge da fera e enfrenta o leão / Eu vou à luta com essa juventude / Que não corre da raia a troco de nada / Eu vou no bloco dessa mocidade / Que não tá na saudade e constrói / A manhã desejada”.

Referências: 1 - Lukács, G. Prolegômenos para uma ontologia do ser social: questões de princípios para uma ontologia hoje tornada possível. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 99.

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