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CRESS do Nordeste realizam debate sobre o trabalho profissional da/o assistente social no campo e na cidade em tempos de pandemia

Segunda noite de atividades debateu o trabalho profissional em tempos de pandemia

25/05/2021 às 12h42

Os Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS) da região Nordeste realizaram na última sexta (21) mais uma noite de debates na I Live Unificada dos CRESS do Nordeste. O tema da noite foi o trabalho profissional em tempos de pandemia e contou com a participação da assistente social e professora doutora Zelma Madeira (CE), da assistente social e doutora em Serviço Social Eliz Pankararu (RN) e do assistente social e presidente da CUFA Bahia Márcio Lima (BA). 

O evento teve a apresentação das coordenadoras e conselheiras Samilly Alexandre (CE) e Angely Cunha (RN), seguido de vídeo de abertura e boas vindas das/os conselheiras/os dos CRESS da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, além de representação da ABESS-Nordeste. A atividade cultural da noite ficou por conta de Mary Alves (AL), que apresentou a música autoral ‘Água do mar’. 

As falas da noite foram mediadas pela conselheira Duane Brasil (CE) e teve início com Zelma Madeira, que indica a satisfação e orgulho da categoria ter dado atenção nos últimos anos à agenda política de combate ao racismo: “Isso indica o rompimento da trajetória de pouca valorização e pouco reconhecimento ao tema e demarca que toda escuta é mesmo uma escolha política”.

A professora também alerta que essa escolha política “torna-se imprescindível para intervir no enfrentamento ao racismo quando se quer alcançar um Brasil mais republicano, mais democrático e mais justo em termos raciais”, e citou que entidades representativas da categoria, como CFESS, ABEPSS e ENESSO assumiram o compromisso com o projeto ético-político “numa perspectiva propositiva quanto às relações ético-raciais”.

Sobre a pandemia, Zelma reforça que o fenômeno “estabelece relações com as condições socioeconômicas, culturais e ambientais, mas que não é um fenômeno homogêneo nem atinge a todas e todos da mesma forma”. Principalmente se tratando dos povos originais e das comunidades tradicionais. Concordando com a professora, a indígena Eliz Pankararu, segunda palestrante da noite, indica que a situação expõe, nos atendimentos do cotidiano, “as dores e peso e da condição explorada que muitos de nós estamos”. 

Eliz diz que ser uma profissional indígena no Serviço Social, desenvolvendo as habilidades investigativas e interventivas, tem a atuação influenciada pelo modo de vida nessas comunidades. “Profissionalmente, por nossa origem e identidade, há a possibilidade de um compromisso para além dos espaços ocupacionais, para além de diretrizes da profissão, traz o compromisso com a ligação com quem somos”, diz a doutora em Serviço Social.

A indígena reforça ainda o momento oportuno para a expansão do diálogo sobre o tema, para que se conheça as trajetórias desses povos. “É preciso dizer quem somos, só nós temos a autoridade de dizer quem somos”. E também indica que, além de executar as políticas públicas, “nos tornamos demandantes dessas políticas em que atuamos”. 

Políticas públicas essas que não chegam em todos os lugares. É o que lembra o último debatedor do evento, Márcio Lima. “A Central Única das Favelas está onde o estado não consegue chegar”. O assistente social também concorda com a professora Zelma, e indica que “a pandemia só fez agravar o problema histórico racial”. 

O assistente social traz a reflexão sobre como as/os moradores da favela são atingidos pelas propagandas de ‘fique em casa’ e ‘mantenha o distanciamento’. “Pra favela é diferente. Lá, 96% não tem plano de saúde e a condição de moradia são dois cômodos. Como manter distanciamento e saúde numa condição dessas?”. 

Márcio fala do desafio que é “transpor o que a mídia diz para a favela, porque a favela tem a sua singularidade” e cita o exemplo de mulheres que são empreendedoras nessas comunidades. “As mães solo que vivem na favela, que recebem cestas básicas, explicamos a elas como a pandemia impacta na vida delas muito mais e de que forma”.

"A favela é potência, ela não é carência”, indica o profissional, que também diz que é preciso ressignificar existência dessas pessoas. “Não podemos ver a favela como coitadinha, nós capacitamos e conversamos com aquele morador e moradora, para que ele entenda a importância dele como liderança naquele território para assistir a sua comunidade”, finaliza Márcio.

O evento on-line unificado teve início no dia 20 e foi assistido nos canais do YouTube e Facebook dos nove conselhos que compõem a região Nordeste e CFESS, alcançando mais de mil profissionais, estudantes e acadêmicas/os nos dois dias de atividades. O tema central do encontro foi a defesa do direito à vida dos povos originários e comunidades tradicionais.

Assista/reveja aqui as lives:

Dia 20

Dia 21

Por Comunicação CRESS Nordeste

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