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A pandemia do coronavírus (Covid-19) e o trabalho de assistentes sociais na saúde

Confira artigo do assistente social e professor da UERJ Maurílio Castro de Matos sobre os impactos da pandemia do Covid-19 no trabalho de assistentes sociais na saúde.

29/04/2020 às 18h16


Por Maurílio Castro de Matos*
 

Considerações sobre o impacto da COVID-19 no Brasil​
 

Considerações sobre o impacto da COVID-19 no Brasil A pandemia do coronavírus - COrona VIrus Disease (COVID-19) - tem sido enfrentada, a partir da orientação dos órgãos de saúde pública, por meio de isolamento social e quarentena. Assim, todo o mundo (conforme se fala no Brasil), ao menos, ouviu ou recebeu centenas de mensagens nas redes sociais para que fique em casa. A partir disso, expressivo segmento dos/as trabalhadores/as formais está desenvolvendo seu trabalho em casa, no chamado trabalho remoto ou home office. Algumas empresas também estão colocando seus/suas trabalhadores/as em férias.
 

Em direção contrária vem ocorrendo a recomendação para aqueles/as que trabalham nos serviços de saúde. Para estes/as, as férias previstas foram suspensas e estão trabalhando presencialmente.
 

Já não há mais dúvidas de que a pandemia gera um medo. Morando num país do Sul do hemisfério, quando lemos o grande número de mortos do velho continente e relatos da insuficiência dos serviços de saúde, conhecido pelas suas boas condições de vida, nos dá um medo.
 

O Brasil construiu, no seu marco jurídico-normativo, um serviço de saúde muito bom. O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma política, que se materializa em uma série de serviços, do qual não é necessário contribuir diretamente para acessá-los (entretanto todos/as contribuem no seu financiamento) e tem uma ampla concepção de saúde, onde esta é compreendida como acesso ao que construído coletivamente, mas apropriado privadamente (BRAVO, 1996).
 

No entanto, desde o seu nascedouro, na Constituição Federal de 1988, o SUS vem vivendo imensos boicotes, deste citamos apenas três: o desfinanciamento público (a exemplo da Emenda Constitucional (EC) nº 95/2016, que congelou por 20 anos o investimento da saúde e na educação); a sistemática alteração do seu modelo de gestão para perspectivas privatizantes - Plano de Atendimento a Saúde (PAC), em São Paulo, e “cooperativa”, no Rio de Janeiro, nos anos 1990 -, Organizações Sociais (OSs) desde o governo federal do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Fundações Estatais de Direito Privado (FEDPs) e Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) desde a década passada; e o avanço do setor privado criando uma ideologiada impossibilidade da assistência pública à saúde de qualidade, expulsando amplos segmentos que, iludidos com a compra do plano de saúde, julgam não ser fundamental a defesa do SUS (MATOS, 2014; BRAVO et al, 2015).
 

Enfim, a pandemia COVID-19 chega ao Brasil, que com sua histórica desigualdade social e com anos de destruição do SUS (mas que não podemos ignorar a existência de resistências, como trataremos adiante), coloca no horizonte imensas dificuldades de se pensar um futuro tranquilo para esse quadro desolador que a pandemia tem gerado nos países onde, antecipadamente, já passou.
 

Para piorar a situação tem havido sistematicamente falas do presidente da república, Jair Bolsonaro, de desqualificação do potencial do vírus, o tratando como uma “gripezinha”, bem como se posicionando contrário ao isolamento social. Tal postura, não por acaso, também tem sido de empresários que o apoiam. Sob o discurso de que a economia não pode parar, as falas do presidente expressam, mais uma vez seu caráter neofascista, ao tratar como mais importante a possibilidade de mortes de contingente da classe trabalhadora, em detrimento da manutenção dos lucros do capital.
 

Assim, com isso corroboramos com análises que reconhecem o medo que essa situação coletiviza. Mas, sabemos que um meio eficaz para enfrentar o medo, seja ele qual for, é a razão (para que possamos pensar), aqui no caso cabe também ressaltar que se trata da razão emancipatória, aquela que potencializa nossa riqueza como ser social pensante e sujeito de sua história (GUERRA, 2013). E como consequência, a ação (não ficarmos paralisados/as), que se baseia na realização de escolhas. Enfim, estamos falando do agir ético, inerente a sociabilidade humana, que aqui defendemos seja a sociabilidade que valorize a riqueza humana, entendida como o exercício das potencialidades que homens e mulheres desenvolveram em seu processo de humanização (BARROCO, 2001). Assim, é do humano a existência desse medo no atual contexto.
 

Confira o artigo na íntegra: A pandemia do coronavírus (Covid-19) e o trabalho de assistentes sociais na saúde
 

Foto: CRESS/SC


*Assistente Social da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro (RJ). Professor da Faculdade de Serviço Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Gestão Democrática na Saúde e Serviço Social / Pela Saúde. Mestre pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em Serviço Social. E-mail: mauriliomatos@gmail.com

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